sexta-feira, 11 de julho de 2008
13 - Simbolos e a Representação do Jogo de Xadrez
Difusão do jogo pelo Mundo:
Da origem ao século XX De acordo com Lasker, o xadrez se disseminou por diversas regiões do planeta, desde o Extremo Oriente, destacando o papel da Pérsia (atual Irã) no desenvolvimento do jogo, passando pelo domínio mulçumano, no qual atinge sua maturidade, invadindo a Europa Ocidental, para atingir seu mais alto grau, na contemporaneidade, sob domínio da antiga União Soviética (URSS), sendo que após sua derrocada, os países independentes que emergiram de sua antiga formação desempenharam papel destacado no cenário enxadrístico mundial. Podemos destacar o caráter nômade das populações antigas, o ímpeto aventureiro dos viajantes e as descobertas modernas, e a tecnologia na contemporaneidade, como fatores decisivos para a difusão do jogo e sua prática por todo o mundo.
símbolos e representações do jogo de xadrez – tabuleiro, peças e sua totalidade podemos definir símbolo como um conjunto de significados que representam uma ou várias idéias. Seu objetivo está ligado a adequação mais aproximada de significados a serem transmitidos. Segundo Eco, é “entidade figurativa ou objetual que representa, por convenção ou por causa das suas características formais, um valor, uma meta, etc., como a cruz, a foice e o martelo...” (ECO, 1977). Para Chevalier e Gheerbrant: “O símbolo tem precisamente essa propriedade excepcional de sintetizar, numa expressão sensível, todas as influências do inconsciente e da consciência, bem como das forças instintivas e espirituais, em conflito ou em vias de se harmonizar no interior de cada homem.” (CHEVALIER E GHEERBRANT, 1999).Por representação, podemos apontar o conteúdo concreto que é apreendido pelos sentidos, pela imaginação, pela memória ou pelo pensamento.No caso do xadrez, “o objeto portador de forma é mensagem em sua exterioridade, além de materialidade.” (MOLES, 1972). Podemos distinguir os símbolos que apontam o tabuleiro, as peças e o jogo de xadrez em sua totalidade. O tabuleiro seria a representação do mundo manifestado, haja vista o número de casas presentes (sessenta e quatro), “o número da realização da unidade cósmica, é o Vastupurushamandala, que serve de esquema para a construção dos templos, para a fixação dos ritmos universais, para a cristalização dos ciclos cósmicos. O tabuleiro é, portanto, o campo de ação das potências cósmicas, campo que é o da terra (quadrada), limitada nos seus quatro orientes.” (CHEVALIER E GHEERBRANT, 1999).
Ainda sobre a simbologia do tabuleiro de xadrez, podemos destacar outros significados:
“O tabuleiro de xadrez simboliza a tomada de controle, não só sobre adversários e sobre um território, mas também sobre si mesmo, sobre o próprio eu, porquanto a divisão interior do psiquismo humano é igualmente o cenário de um combate.” (CHEVALIER E GHEERBRANT, 1999).
Para Roger Caillois, ele ainda simboliza a aceitação e o domínio da alternância: ”(...) alternância das casas brancas e negras, tal como dos dias e das noites, alternância de entusiasmo e de controle, de exaltação e de contenção de desejos, principalmente porque, numa extensão como essa, absolutamente coerente, não há peça nenhuma que não tenha repercussão sobre as demais...” (CAILLOIS, 1958).
No que concerne às peças do xadrez, podemos destacar o significado original de sua criação, ou seja, a representação de um exército. A idéia é de combate entre as partes, de luta.
Outro interessante significado atribuído às peças e à totalidade do jogo está presente na associação significativa entre o jogo de xadrez e a Literatura no período medieval.
Na Idade Média, o significado do jogo de xadrez era empregado na Literatura para retratar as condições sociais da época, recebendo tais alegorias a denominação de Moralidades.
A importância que o jogo de xadrez atinge na mentalidade das pessoas pode ser constatada pelo fato de ter sido a respeito de xadrez o segundo livro impresso em língua inglesa, o Game and the Playe of the Chesse, aponta Lasker. Este texto em inglês seria uma tradução da versão francesa de uma Moralidade escrita em latim por Jacobus de Cessolis, um frade Lombardo, no último quarto do século XIII da era cristã. O nome do texto original é Líber de Moribus Hominum et Officcis Nobilium, o que Lasker traduz como Livro dos Costumes do Homem e dos Ofícios dos Nobres. Nele, há a representação das peças como classes da sociedade, ressaltando o fato interessante de Cessolis atribuir a cada peão uma determinada profissão da época.
Cada personagem possui um capítulo destinado a sua descrição, com detalhes sobre seu vestuário, contendo as obrigações morais da categoria ocupada pelo personagem na sociedade. Esta obra foi tão popular em sua época que diversos artistas foram influenciados na reprodução das peças em suas obras. Já o jogo de xadrez em sua totalidade possui, em todas línguas célticas, o significado literal de inteligência da madeira (Irl.: idchell, Gaél.: gwyddwyll, Bret.: gwezboell). (CHEVALIER E GHEERBRANT, 1999). Sua prática original está fortemente relacionada à rotina de reis, imperadores e príncipes, ou seja, personagens de alto dignitário; “o xadrez é um jogo de Estado, ou de Corte; o Imperador da China o praticava” (DELEUZE & GUATTARI, 1997).
Essa característica se coloca em virtude do ambiente de sua formulação, bem como os personagens que as peças representam.
Dessa forma, podemos inferir que um jogo cujo objetivo é destruir o Rei adversário não fazia parte, a princípio, de ambientes não reais.
Para a manutenção da legalidade e legitimidade do poder era importante afastar do povo as debilidades do mandatário, bem como o controle de suas ações, ainda que somente representados em um objeto lúdico.
Estes homens entendiam esta representação, e a proibiam em âmbito popular. Tornou-se muito popular a denominação de jogo dos reis como sinônimo de jogo de xadrez.
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