segunda-feira, 23 de novembro de 2009

753 - PREFÁCIO DO LIVRO EPOPÉIA DO CAMPEONATO BRASILEIRO DE XADREZ POR HERMAN CLAUDIUS VAN RIEMSDIJK

Na introdução da primeira edição, Waldemar Costa comenta ter sido decisivo para começar a sua obra o fato de jovens enxadristas não saberem quem era José Thiago Mangini. Creio que é intrínseca à raça humana essa ignorância histórica. Durante uma vida, as perspectivas e os interesses mudam constantemente e talvez possa se afirmar sofrem uma evolução. Lembro-me ter conhecido muito bem a Luiz Vianna. Quando comecei a jogar no Clube de Xadrez Pelotense em 1958, aos nove anos de idade, logo após de haver chegado ao Brasil em plena efervescência do primeiro mundial de futebol conquistado pela seleção de Pelé, trazido pelas mãos de meus pais, ele assinava uma coluna de xadrez no jornal gaúcho. O Correio do Povo chegou a fazer um artigo sobre a jovem promessa holandesa e pouco mais tarde muitos sobre um talento infinitamente maior: presenciou e documentou a ascensão do Mequinho! Foi também o árbitro dos meus primeiros campeonatos estaduais, na década de sessenta. Vivia me fazendo perguntas, respondidas de alto da minha superficialidade adolescente. Ah ironia, nunca fiz uma pergunta decente àquele que havia convivido e jogado com todos os principais jogadores da história do xadrez brasileiro, desde João de Caldas Vianna, passando por João de Souza Mendes, Walter Osvaldo Cruz, Octávio Trompowsky, convivendo e respirando o xadrez brasileiro por seis décadas.
Na década de setenta, já em São Paulo, eu freqüentava o Bridge Clube Paulistano e conheci a Marcelo Kiss, um húngaro vindo chegado nos primórdios do século XX e que era o árbitro oficial (de bridge) daquela agradável entidade, então sediado na Praça da República. Contou-me que havia jogado xadrez e sempre vinha perguntar, com visível curiosidade e alegria, como eu me havia saído nos torneios. De novo, a minha ignorância, bloqueou as minhas perguntas. Mal sabia eu que ele, junto com Luiz Vianna, havia editado a primeira revista brasileira de xadrez, em 1925. Foi também representante do Brasil no primeiro Campeonato Sul-Americano, realizado no ano de 1927, em Montevidéu.
Este meu misto de confissão e desabafo é para ilustrar como, às vezes, estamos junto às fontes e não sabemos explorá-las. Como me arrependo de nunca haver uma pergunta útil a estes dois arquivos vivos (naturalmente existiram outros...) do xadrez brasileiro.
Aí entra Waldemar Costa. Acompanhado de um indefectível caderninho de notas, sempre está visitando, escrevendo, pesquisando, perguntando. Desde a coluna diária de xadrez no Jornal dos Sports (Rio de Janeiro), a edição da revista Caissa, o jornal Xadrez Expresso e culminando com Epopéia do Campeonato Brasileiro de Xadrez, Waldemar fez e faz um trabalho de formiga na reconstrução da história. Recolhendo os cacos e adicionando uma informação aqui e outra acolá, conseguiu produzir o mais importante, rico e confiável documento histórico a sobre o xadrez brasileiro.
O lançamento do livro será durante a fase final do Campeonato Brasileiro 2009, em Americana (SP) de 2 a 11 de dezembro de 2009.

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