sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

85 - DOPING E O XADREZ. ENTENDA A QUESTÃO.

A polemica ainda permeia o meio enxadristico profissional, a exigência pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) do exame anti-doping para os atletas do xadrez, nas olimpíadas de Dresden na Alemanha, realizada entre 12 a 25 de Novembro de 2008, foi exigido do Grande Mestre Ucraniano Vassily Ivanchuk (No. 3 do mundo, FIDE 2786 rating em listagem de Outubro de 2008), que recusou-se a dar uma amostra de urina para um exame de drogas, após o término de uma partida e agora é considerado culpado por doping.
O mundo do xadrez está revoltado diante da possibilidade do jogador sofrer uma suspensão de dois anos.
A maioria das pessoas pensam que o xadrez é um desporto intelectual e por isso não faz sentido falar em doping dos jogadores, mas já existe o exame anti-doping desde 1999 nas provas oficiais de Xadrez.
Os jogadores que são sujeitos ao exame anti-doping, são determinados por sorteio ou por suspeita de atitude fraudulenta.
Se o exame for positivo, ou seja, se for encontradas substâncias que constam na lista negra (relação de medicações consideradas ilegais, configurando assim a dopagem do atleta em questão), então os resultados desportivos são anulados e as penas são aplicadas conforme determinação do COI.
É evidente que não se pretende aumentar a massa muscular através do chamado “doping convencional”. No xadrez recorre-se ao “doping inteligente”, pois permite aumentar a memória, a concentração, a resistência psico-física ou simplesmente relaxar. Imaginem o esforço que envolve um torneio que pode durar 15 dias (ritmo de1 jogo por dia) e que cada jogo pode durar em média 4 horas !
O "doping" determina o uso de drogas ou substâncias que aumentam as capacidades físicas de atletas desportivos. O doping pode também ser considerado o uso de certas técnicas ou métodos que alteram o estado físico do desportista para aumentar o seu rendimento desportivo. Também é considerado doping o uso de substâncias que disfarçam outras substâncias dopantes, como é o caso dos diuréticos.
A prática de doping já é bastante antiga, tendo pelo menos mais de um século.

Em 1904 Thomas Hicks ganhou a maratona recorrendo a doses enormes de conhaque e estricnina, para conseguir agüentar o desgaste físico da corrida. Como resultado, desmaiou assim que ganhou a maratona, tendo sido necessário várias horas para que ele fosse reanimado e recuperasse os sentidos. Pensa-se que esta prática começou-se a desenvolver intensamente a partir do momento em que começaram a haver grandes eventos desportivos, onde vários países competiam entre si.
Por volta de 1936 pensa-se que os atletas da Alemanha Nazista, já usavam os primeiros esteróides à base de testosterona. Em 1954 houve rumores que durante o campeonato do Mundo de levantamento de pesos os desportistas soviéticos usavam injeções de testosterona (o que é certo é que nesse ano vários recordes mundiais foram batidos pelos soviéticos). Mais tarde, em 1962, o doutor Jonh Ziegler, antigo médico da União Soviética, foi trabalhar para a equipe dos EUA. Nesse ano a equipe dos EUA dominou no levantamento de pesos (pensa-se que ele deu aos atletas americanos dianabol, um esteróide anabolizante).

Mas só foi por volta de 1960 é que se iniciou a era moderna do doping, quando o ciclista dinamarquês Knut Jensen morreu durante o Giro de Itália, uma das mais importantes provas de ciclismo do mundo. Depois deste acontecimento o Comité Olímpico Internacional decidiu adotar medidas antidoping em todas as provas oficiais e principalmente nos Jogos Olímpicos.

Desde então, tanto as técnicas como os meios de procura de doping têm evoluído, ainda que as técnicas dopantes estejam a evoluir mais rapidamente que os testes antidopings. Infelizmente até testes surpresa não são assim tão surpreendentes uma vez que os atletas conhecem bem o procedimento antidoping.
A prática de doping pode assumir muitas formas e existem inúmeras maneiras de aumentar as várias capacidades físicas humanas, dependendo do desporto em causa.
De entre todas as drogas e substâncias dopantes que encontramos podemos dividi-las em vários grupos e classes, sendo estes:
- Esteróides anabolizantes
- Estimulantes
- Analgésicos
- Beta-bloqueantes
- Hormonas peptídicas
- Agentes mascarantes
- Beta-agonistas

Acerca das Punições:
Um atleta flagrado pelo exame antidoping tem o direito de tentar se explicar, mas, se for comprovado o doping, ele é punido conforme a substância utilizada. A penalidade mais comum é a suspensão, que pode variar de três meses a dois anos. Em caso de reincidência, o competidor pode até ser excluído por toda a vida. No caso de esportes coletivos, a pena varia, pois depende da federação internacional responsável. “Nas Olimpíadas, no vôlei, por exemplo, se é detectado um caso de doping, a equipe toda perde o jogo por 3 sets a 0. Já no futebol, não acontece nada com a equipe, e o atleta apenas é suspenso. Mas a tendência, no geral, é de que, se houver mais de dois casos, a equipe toda seja desclassificada”,
“O doping é um problema que surgiu nos Jogos Olímpicos anteriores a 1936, mas que começou a ser controlado de forma mais organizada em 1967. A partir de 1968, todas as Olimpíadas passaram a ter, rotineiramente, um controle de doping. Apesar de, em alguns anos, terem ocorrido falhas, geralmente o sistema funciona sem problemas”, afirma o Dr. Eduardo De Rose. O dirigente lembra que o sistema antidoping não é baseado apenas em exames, começando pelo incentivo ao "fair play" (jogo limpo) e à educação dos atletas por meio de muita informação.
O controle do doping pode ser realizado pelo exame do sangue ou da urina do competidor imediatamente após o término de uma competição, podendo também ser feito a qualquer momento da vida do atleta, durante um treinamento, em sua residência e até mesmo algum tempo antes ou depois de uma prova.
Opinião de profissionais do xadrez acerca deste procedimento exigido pelo COI-Comitê Olimpico Internacional:








Shakhriyar Mamedyaro
Não faço ideia do que é doping, porque eu nunca usei. Acho que o doping não ajuda os jogadores do xadrez e duvido muito que alguém o use no mais alto nível . Xadrez não é desporto no seu original alcance, não é uma espécie de desporto olímpico como atletismo ou ginástica. Os jogadores mais velhos podem usar qualquer coisa para se sentir melhor durante o jogo, como por exemplo beber um café. Eu realmente não me importo se existe doping no xadrez ou não!








Ernesto Inarkiev
Para mim o principal doping no xadrez é motivação psicológica. Houve uma dúzia de casos na minha vida, quando eu parecia ter esgotado o meus recursos, mas eu sempre me superei.









Peter Leko
Eu acho que xadrez é um tipo de desporto mais intelectual do que físico. Não vale a pena falar de doping no xadrez.



Teimour Radjabov
É difícil dizer o que você pode usar para ganhar um jogo. Café, chá, cigarros, não podem promover bons resultados. Se você tem dormido bem, vier para o jogo de bom humor...também não é uma garantia de sucesso. Mas se falarmos realmente em doping, em especial.

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